Nasci em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. Vivi lá até a morte da minha irmã caçula, aos três anos de idade. Lembro-me, como se fosse hoje! Eu tinha quatorze anos, fiquei muito triste e infelizmente não pude fazer nada, o que me atordoou por muito tempo... Era uma noite de sábado quando ela começou a ter febre e sentir muita dor. Fomos até o posto de saúde da cidade na manha de domingo. Ela foi atendida por um rapaz muito jovem que usava um jaleco com um símbolo de uma faculdade da região. Hoje chego a duvidar se ele realmente já era médico... Ele disse à minha mãe que a Larissa tinha possivelmente uma virose, indicou alguns remédios que existiam no próprio posto e pediu para deixá-la descansar. Na manhã seguinte ela estava pior. Nós a levamos a emergência e desta vez um médico, já senhor e muito educado, deu-nos um diagnóstico certo. “Ela está com dengue hemorrágica” disse ele. Vi nos olhos de minha mãe o quanto aquelas poucas palavras tinham-na deixada abalada. Ela sempre nos dizia que ao longo da sua vida nunca tinha acumulado nenhuma riqueza material, mas nós, os dois, éramos seus tesouros. O educado senhor de roupas brancas e óculos de armação larga disse que faria o possível, mas o quadro dela já era bastante agravado. Às vezes me pego pensando o quanto o dinheiro pode representar em nossas vidas. Acho que a Larissa morreu por falta dele. Éramos muito apegados. Ela era linda...
Talvez tenha sido nessa época que tudo começou. Desenvolvi certa paixão por dinheiro. Acho que viciado seria a palavra mais correta. Fazia o que podia para receber alguma quantia ao final do dia. Engraxava sapatos, carregava compras no supermercado e ás vezes impressionava a minha mãe com o que trazia para casa ao cair da noite. Ela, apesar de precisar muito do que eu conseguia, não se sentia avontade com a situação. Sempre me incentivava muito a estudar. O que ela podia trazer para eu ler ela trazia. Revistas que já não serviam mais para os seus patrões, livros usados já sem capa, entre outras tantas fontes de conhecimento, muitas vezes alternativas, que eu já li. Hoje percebo o bem que ela me fez. Amo-a ainda mais por isso!
É impressionante o quanto eu vivia desconexo com o momento atual da minha vida. Parece que eu sempre estava “fora de fase”. Pensava muito em certas coisas do passado e vivia sonhando com o futuro, que geralmente me parecia muito distante...
Obs.: Correções e sugestões de português para antonio.ufjf@gmail.com rsrs
Talvez tenha sido nessa época que tudo começou. Desenvolvi certa paixão por dinheiro. Acho que viciado seria a palavra mais correta. Fazia o que podia para receber alguma quantia ao final do dia. Engraxava sapatos, carregava compras no supermercado e ás vezes impressionava a minha mãe com o que trazia para casa ao cair da noite. Ela, apesar de precisar muito do que eu conseguia, não se sentia avontade com a situação. Sempre me incentivava muito a estudar. O que ela podia trazer para eu ler ela trazia. Revistas que já não serviam mais para os seus patrões, livros usados já sem capa, entre outras tantas fontes de conhecimento, muitas vezes alternativas, que eu já li. Hoje percebo o bem que ela me fez. Amo-a ainda mais por isso!
É impressionante o quanto eu vivia desconexo com o momento atual da minha vida. Parece que eu sempre estava “fora de fase”. Pensava muito em certas coisas do passado e vivia sonhando com o futuro, que geralmente me parecia muito distante...
Obs.: Correções e sugestões de português para antonio.ufjf@gmail.com rsrs