sexta-feira, 14 de maio de 2010

A ansiedade tem pontos positivos

Esta semana, por acaso li, uma matéria na revista veja que me chamou muito a atenção. Assim como grande percentagem da população mundial, sou uma pessoa muito ansiosa e confesso já ter sofrido algumas vezes por isso... É comum na sociedade em que vivemos considerar a ansiedade como uma característica negativa, mas, em entrevista a revista Veja, o psicólogo norte-americano Jerome Kagan (pesquisador e professor de psicologia da universidade de Harvard – EUA) levantou alguns pontos positivos de uma pessoa ansiosa, entre outros pontos, que, pessoalmente, acho muito plausíveis. Segue a seguir algumas passagens selecionadas da entrevista (http://veja.abril.com.br/030210/ansiedade-pode-ser-boa-p-015.shtml). Um abraço!

“Estamos vivendo a "era da ansiedade"? A incidência hoje não é maior do que era ontem. No século XVI, a ansiedade vinha do risco de morrer antes dos 35 anos de doença infecciosa, ser assaltado na beira da estrada entre uma cidade e outra, ofender Deus e ir para o purgatório. Hoje, estamos ansiosos em relação a coisas diferentes, como status social, sucesso profissional, relação com amigos e cônjuges. O que determina a frequência e a intensidade da ansiedade são os genes, e os genes não mudaram do século XVI para cá. Mas o que determina o alvo da ansiedade é a cultura, e isso mudou.

A ansiedade é ruim? Desde que Freud disse que todas as neuroses vêm da ansiedade, passamos a ter um entendimento cultural de que a ansiedade é uma coisa tóxica. Não é. Todos nós somos ansiosos. Faz parte da condição humana, como ficar cansado, errar, sentir-se culpado, frustrado ou envergonhado. Não existe civilização em que ninguém fica ansioso. A ansiedade tem vantagens. As pessoas ansiosas são muito responsáveis e conscientes. Quando eu selecionava meus ajudantes de pesquisa, sempre que possível optava por jovens ansiosos, tímidos e introvertidos, porque eles trabalham com afinco e erram menos. Há pessoas ansiosas simplesmente brilhantes.

De onde vem a superansiedade? Há dois argumentos. Os biólogos evolucionários dizem que a existência de hipervigilantes entre membros de nossa espécie foi decisiva na luta contra os predadores. Sob esse ponto de vista, portanto, a ansiedade foi uma vantagem adaptativa. O argumento contrário deriva da tese de Stephen Jay Gould (paleontólogo americano, 1941-2002) segundo a qual nem todas as mutações são úteis e positivas. Algumas são simplesmente subprodutos da evolução. O queixo é um exemplo. Ele não traz em si nenhuma vantagem adaptativa. O queixo existe como consequência arquitetônica do desenho da boca, esta sim uma solução evolutiva útil. A natureza simplesmente não saberia como construir uma boca como a nossa sem criar como subproduto o queixo. A tese de Gould pode ser aplicada à superansiedade. Ela seria um subproduto, uma sobra de algum outro arranjo genético positivo. Não sei qual dos dois argumentos é o mais correto, mas ambos fazem sentido.

Em meio século de estudos, o que lhe parece mais decisivo no desenvolvimento infantil? Duas coisas. Uma é que, nos primeiros dezoito ou vinte anos, vivemos verdadeiros estágios de maturação. Os dois primeiros anos são um estágio. De 2 a 5, outro estágio. De 5 a 7, outro. E, quando passamos de um estágio ao outro, parte do que ocorreu antes desaparece sem deixar vestígios. Não carregamos toda a bagagem conosco. As experiências da primeira infância simplesmente somem, são transformadas ou eliminadas. Antes, pensava-se que não perdíamos nada, que tudo ficava registrado. Não é verdade. A outra coisa é que a natureza humana é como uma cebola. Trocamos as camadas externas com facilidade. São as crenças, o comportamento. As camadas internas, mais próximas do centro, são difíceis de mudar. São os sentimentos, a ansiedade, a raiva, o orgulho. Carl Jung (psiquiatra suíço, 1875-1961) entendeu isso com seu conceito de "persona" e "anima". "Persona" é a camada externa, é o que nós vemos um no outro.
"Anima" é o que está dentro da cebola, e nós não vemos.

A biologia é destino? Depende. Há doenças, pouquíssimas doenças, que quase certamente vão se desenvolver em quem tiver determinados genes. É o caso de Huntington (doença degenerativa do sistema nervoso central). Felizmente, menos de 1% da população tem os genes de Huntington. No outro extremo, há doenças, muitas doenças, que só se desenvolverão, mesmo em quem tiver os genes errados, caso numerosos fatores externos se combinem para deflagrar a moléstia. São muitas as pessoas com esses genes, mas é provável que nunca tenham as doenças. Portanto, a resposta é não: biologia não é destino.
...”

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segunda-feira, 22 de março de 2010

Enriquecimento Ilícito (Parte III)

Nasci em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. Vivi lá até a morte da minha irmã caçula, aos três anos de idade. Lembro-me, como se fosse hoje! Eu tinha quatorze anos, fiquei muito triste e infelizmente não pude fazer nada, o que me atordoou por muito tempo... Era uma noite de sábado quando ela começou a ter febre e sentir muita dor. Fomos até o posto de saúde da cidade na manha de domingo. Ela foi atendida por um rapaz muito jovem que usava um jaleco com um símbolo de uma faculdade da região. Hoje chego a duvidar se ele realmente já era médico... Ele disse à minha mãe que a Larissa tinha possivelmente uma virose, indicou alguns remédios que existiam no próprio posto e pediu para deixá-la descansar. Na manhã seguinte ela estava pior. Nós a levamos a emergência e desta vez um médico, já senhor e muito educado, deu-nos um diagnóstico certo. “Ela está com dengue hemorrágica” disse ele. Vi nos olhos de minha mãe o quanto aquelas poucas palavras tinham-na deixada abalada. Ela sempre nos dizia que ao longo da sua vida nunca tinha acumulado nenhuma riqueza material, mas nós, os dois, éramos seus tesouros. O educado senhor de roupas brancas e óculos de armação larga disse que faria o possível, mas o quadro dela já era bastante agravado. Às vezes me pego pensando o quanto o dinheiro pode representar em nossas vidas. Acho que a Larissa morreu por falta dele. Éramos muito apegados. Ela era linda...

Talvez tenha sido nessa época que tudo começou. Desenvolvi certa paixão por dinheiro. Acho que viciado seria a palavra mais correta. Fazia o que podia para receber alguma quantia ao final do dia. Engraxava sapatos, carregava compras no supermercado e ás vezes impressionava a minha mãe com o que trazia para casa ao cair da noite. Ela, apesar de precisar muito do que eu conseguia, não se sentia avontade com a situação. Sempre me incentivava muito a estudar. O que ela podia trazer para eu ler ela trazia. Revistas que já não serviam mais para os seus patrões, livros usados já sem capa, entre outras tantas fontes de conhecimento, muitas vezes alternativas, que eu já li. Hoje percebo o bem que ela me fez. Amo-a ainda mais por isso!

É impressionante o quanto eu vivia desconexo com o momento atual da minha vida. Parece que eu sempre estava “fora de fase”. Pensava muito em certas coisas do passado e vivia sonhando com o futuro, que geralmente me parecia muito distante...

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domingo, 21 de março de 2010

Enriquecimento Ilícito (Parte II)

Ainda me lembro como se fosse ontem... A faculdade passou tão rápido! Também mal tinha tempo para respirar. Era o trabalho de dia, os estudos de noite e aos fins de semana a Mariela. Bem! Essa era a melhor parte. Aquele sotaque argentino me pegou de jeito. Imaginem o que algumas palavras em portunhol, com hálito de menta e álcool, de madrugada são capazes de fazer... Não tinha um real no bolso, mas aquela roupa de missa me rendeu bons frutos naquela noite.

Confesso que algumas vezes, quando ia vê-la no fim de semana, pegava no sono sentado, de cansaço. Porém, só o fato de estar ali do seu lado já era o suficiente. Geralmente o sofá era palco das nossas comédias e arena das nossas batalhas da semana que havia passado, além de ouvinte árduo dos nossos planos. Nunca sonhamos em ter muita coisa material, mas lembro-me sempre dela dizer que adoraria ter um sítio. Aquele arzinho delicado nunca me convenceu muito disso e eu brincava que ela não levava o menor jeito para morar no “mato”. Ríamos bastante! Ela sempre fora muito divertida. Infelizmente fora!

Sabe quando se tem a sensação de que não depende de você? Sentia-me assim. Às vezes achava que de alguma forma tínhamos sido escolhidos para ficarmos juntos...

Quando a minha mãe a conheceu, era evidente a felicidade em seus olhos. Ficou impressionada com a sua beleza! Mariela tinha então 21 anos, os cabelos negros, longos, lisos e compridos. O corpo era coberto por uma pele lisa e sedosa como a de um figo, porém com a cor marrom suave de grãos de café que esperam ansiosamente pela colheita. Nós três conversamos muito naquela tarde de domingo...

Foi um abalo para a família dela quando ela decidiu ficar no Brasil. Pareciam não acreditar! Eu também não acreditaria se fosse minha filha, mas o destino nos reserva grandes surpresas e já tive muitas ocasiões nas quais eu pude impressionar positivamente os pais dela, apesar da palavra positivamente estar sujeita a diferentes interpretações...

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Enriquecimento Ilícito (Parte I)

Eu estava ali do seu lado. Por debaixo do tecido fino da camisola podia ver as sinuosas curvas do seu quadril. Achava incrível o quando os anos tinham sido generosos com ela. Confesso que já não sentia a mesma excitação de algum tempo atrás e que talvez ela tenha sido substituída por um grande carinho e admiração, mas ainda assim, ao vê-la dormindo tão bela, sentia vontade de deslizar minhas mãos por seu quadril e sentir a textura de suas coxas com a pele do meu rosto.

Nas noites em que eu estava em casa, jantávamos sempre sozinhos, após o último empregado deixar a casa. Conversávamos sobre algum assunto do dia, alguma notícia do jornal ou da televisão, e íamos dormir, no sentido mais literal dessa palavra. Estava tácito que nossa relação há muito tempo não ia bem... Às vezes pegava um livro e tentava ler, quando ela virava-se de costas para mim na cama e ficava em silêncio na tentativa de adormecer. Eu nunca perguntava o que estava acontecendo e nem discutia por não fazermos amor. Depois de algum tempo agente descobre que por sexo não se briga, não se implora. Se nós estávamos naquela situação é porque alguma coisa estava errada. Porém, somente hoje eu percebo que estava cego de mais para ver o que nossas vidas tinham se tornando.

Há vinte anos fazíamos amor por horas no colchão da republica onde ela morava. Depois ficávamos um bom tempo nos olhando sem dizer uma única palavra, talvez ainda dando tempo para aproveitarmos os resíduos de adrenalina liberada. Com o passar do tempo, nos inícios de noite em claro, entre ela e o abajur que iluminava o meu rosto e o perfil da sua camisola, não conseguia entender como não conseguíamos aproveitar o conforto que tínhamos à nossa disposição.

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Enriquecimento Ilícito: Um Conto




quinta-feira, 11 de março de 2010

A Menina que Roubava Livros: Alguns Comentários

Olá!

Estou te escrevendo para agradecer pela “A Menina Que Roubava Livros”. Alguns livros nos atraem pela capa e outros pela fama, porém esse me atraiu pelo título. Existem tantas coisas a serem roubadas, por que alguém roubaria livros? A história é triste, é melancólica e me impressionou pelo fato de ser pouco comercial. Porém, me encantou pela profundidade e, simultaneamente, sutileza dos temas. Um livro que fala do poder que as palavras têm. Elas são capazes de promover as mais espantosas “coisas” nesse mundo, sejam elas boas ou ruins... Terminei de ler ontem e confesso que chorei no final... Aprendi muito com a história. Ganhar livro é sempre muito bom. É uma chance de crescer embrulhada num papel de presente. Obrigado!

Antônio.


Foi assim que eu agradeci pelo livro que ganhei de amigo oculto no final do ano passado. Decidi esperar a chuva de sensações que senti ao terminá-lo passar para falar um pouco sobre ele. Diversas histórias fabulosas sobre o período nazista estão disponíveis na literatura, como o livro (e filme) Olga, o filme “A Vida é Bela”, entre outros. Porém, o livro do autor Marcus Zusaki merece ter alguns pontos ressaltados.

Pouquíssimas vezes imaginamos como foi aquele período para os próprios alemães. Muitas vezes nos colocamos no lugar dos judeus, dos ciganos e de tantas outras etnias que sofreram durante o período. Nesse ponto achei fabulosa a perspectiva de Zusaki. Através da protagonista Liesel Meminger, ele mostra um pouco do sofrimento dos próprios alemães em virtude do período Hitlerista. Particularmente fiquei apaixonado por Liesel e confesso que ao final do livro me deu uma leve vontade de conhecê-la...

O enredo (romance) tem como narrador-onisciente a morte, que conta de forma sarcástica um conjunto de acontecimentos que circundam a vida de Liesel. Essa perspectiva também é fantástica, pois mostra como seria a morte frente um ser responsável pelos “trametes” necessários após o fim... Entre outros fatos, esta descreve a sua trabalhosa rotina junto aos tantos meios escusos de “condenação” e execução do período nazista. Porém, acho que todos os outros pontos abordados na história são secundários quando comparados à mensagem passada em relação ao poder das palavras. É comum vermos em textos históricos a capacidade de persuasão que Hitler tinha frente a seus “governados” e como suas palavras levaram alguns alemães a cometer certas atitudes... Liesel era uma menina doce e perspicaz que desfrutava de forma não estereotipada do amor pelas palavras e tinha uma singular noção de seu poder, mesmo que de forma intuitiva. Como descrito no e-mail acima, me ponho a pensar: com tantas coisas a serem roubadas, o que levaria alguém a roubar livros? E ainda mais, só os que iria ler? Em algumas situações os ganhados não são lidos! Um bom livro! Recomendo!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Utilização da Rede Elétrica para Transmissão de Informações em Alta Velocidade

A diretoria colegiada da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou no final de agosto as regras para utilização da rede elétrica para transmissão de informações em alta velocidade. A base da tecnologia, atualmente denominada Power Line Communications (PLC), não é nova e os primeiros estudos foram realizados ainda na década de 20. Porém, sua implantação em larga escala só vem sido possibilitada nos últimos anos, devido ao desenvolvimento de novos dispositivos que contornam ou amenizam problemas encontrados nos modelos anteriores, como ruídos e interferências. Trata-se de um sistema de telecomunicações que utiliza a rede elétrica como meio físico para a disseminação de informações de origens analógicas e digitais, como os sinais de internet (banda larga), vídeo e voz. Entre várias outras possíveis aplicações para a tecnologia, destaca-se a opção de uso da rede para controle, monitoramento, supervisão, operação e gerenciamento do sistema de energia elétrica, além de aplicações de automação predial e residencial.

Do ponto de vista de seu funcionamento, informações na forma digital são inicialmente convertidos em sinais analógicos que são posteriormente inseridos na rede elétrica. Para adequar os sinais transmitidos às características da rede e, com isso, garantir sua transmissão, os sistemas de telecomunicações baseados na tecnologia PLC são projetados para funcionar em frequências altas, especificamente na faixa entre 9 kHz e 30 MHz. A energia elétrica é transmitida com sinais de frequência inferiores, da ordem de Hz (comumente entre 50 e 60 Hz) e, sendo assim, ambos podem conviver harmoniosamente no mesmo meio. Após a inserção do sinal analógico na rede, este pode percorrer sua extensão, de forma orientada e controlada, passando, quando necessário, por repetidores que mantêm a qualidade do sinal (manutenção de suas características físicas). Por fim, com o auxílio de um gateway, um dispositivo que tem por objetivo fazer uma conexão de forma segura entre a rede externa (rede de transmissão) e a rede interna (rede domiciliar ou empresarial, por exemplo), o sinal chega finalmente ao modem doméstico, com a reconversão do sinal para a forma digital, estando disponível para o uso.

Do ponto de vista técnico, uma das vantagens significativas da tecnologia PLC é a possibilidade de usar uma infra-estrutura já existente. Do ponto de vista social, a nova tecnologia a ser adotada poderá promover uma maior democratização da internet e de meios de comunicação hoje significativamente elitizados, como canais de televisão fechados, por exemplo. Segundo dados do governo federal, atualmente existem 63,9 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica no país, interligadas por 90 mil quilômetros de sistemas de transmissão e distribuição. Estes números incluem habitantes de regiões rurais ou distantes dos grandes centros, de forma geral, onde a disseminação de sinais via fibra óptica (meio de transmissão e distribuição convencional), por exemplo, pode não ser vantajosa economicamente para as empresas, dependendo da demanda. Do ponto de vista econômico, a utilização da rede elétrica das diversas concessionárias poderá trazer grandes benefícios para o consumidor, tendo em vista que a utilização de uma infra-estrutura física já pronta poderá promover uma diminuição no valor pago pela assinatura de serviços como internet e TVs não abertas. Além disso, o montante a ser repassado pelas empresas responsáveis por estes serviços às concessionárias detentoras das redes, pela sua utilização, poderá baratear o valor do serviço cobrado pelo fornecimento de energia elétrica.

Uma das desvantagens do uso da tecnologia PLC é uma possível interferência em equipamentos que usam radiofrequência, como receptores de rádio, telefones sem fio, alguns tipos de interfones ou até mesmo televisores. Segundo a ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) o sistema de tráfego de informações usando a tecnologia PLC poderá interferir em canais abertos de televisão em VHF (termo originário do inglês, Very High Frequency, que se refere à frequências altas do sinal transmitido, na faixa de 30 a 300 MHz) e rádio AM (do inglês Amplitude Modulation, que se refere a sinais de radiofrequência com Modulação em Amplitude). Outra desvantagem é o fato da rede elétrica estar susceptível a interferências devido à demanda gerada por alguns dispositivos elétricos, como motores de alto desempenho, por exemplo. Por fim, um fator que também pode ser limitante para a tecnologia PLC vem do fato de que, devido a sua estrutura, todos os usuários compartilharem uma só largura de banda disponível. Isso significa que o desempenho da conexão pode variar de acordo com o número de pessoas que estiverem navegando ou baixando arquivos simultaneamente.
Ficará a cargo da ANEEL fiscalizar a qualidade da energia elétrica após a implantação do novo serviço. A implantação e exploração do PLC não poderão afetar a qualidade do fornecimento de energia elétrica para os consumidores. A ANEEL não regulará ou acompanhará a qualidade do serviço de transmissão de dados, esta função será de competência da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).

A empresa de fornecimento de energia elétrica COPEL (Companhia Paranaense de Energia) foi a primeira a realizar experiências com a PLC no Brasil, ainda no ano de 2001, testando a tecnologia em 50 domicílios de Curitiba. No início desse ano, a COPEL retomou os estudos utilizando um grupo de amostragem de 300 usuários (residenciais, corporativos e órgãos públicos) na cidade de Santo Antônio da Platina, localizada no norte do estado. Os usuários terão sinais digitais de imagem, voz e dados gratuitos durante um ano, mediante o compromisso de monitorar, avaliar, acompanhar e relatar continuamente para a empresa a qualidade dos sinais. Segundo a ABERT, a COPEL está investindo R$ 1 milhão na aquisição de equipamentos como modems e amplificadores, que em breve entrarão em fase final de instalação. A empresa de energia tem programas em parceria com o governo do Estado e a intenção, com a PLC, é usar a tecnologia tanto para programas de inclusão digital, quanto para fins comerciais.

Com os critérios de exploração estabelecidos pela ANEEL e com os investimentos das companhias de energia elétrica em pesquisa para desenvolvimento, adequação de dispositivos e testes com os já existentes no mercado, os órgãos envolvidos na implantação da PLC no Brasil estimam que muito em breve será possível uma utilização em grande escala dessa tecnologia.

Acordo de Cooperação Nuclear Brasil-Irã

Nesta última quarta-feira (03/03/10) a Sociedade Brasileira de Física (SBF) divulgou uma nota em seu portal na qual ela se posiciona a respeito de uma possível colaboração entre Brasil e Irã na área nuclear. A divulgação, assinada pela Diretoria e pelo Conselho da SBF, conseguiu ser político, sutil e simultaneamente enfático em sua posição. Leia o trecho a seguir:

“... externamos nossa preocupação com as notícias de que acordos bilaterais na área nuclear entre o Brasil e países não-signatários do tratado de não-proliferação nuclear possam estar em fase de análise pelo governo brasileiro, e manifestamos nossa convicção de que os interesses brasileiros estariam mais bem representados se, no momento, nenhuma cooperação técnico-científica na área nuclear viesse a ser celebrada com a República Islâmica do Irã.”

A SBF se posicionou devido a rumores de que o Governo Federal estaria consultando a comunidade científica nacional a respeito de pontos de interesse comum que pudessem servir de base a um eventual acordo de cooperação Brasil-Irã na área nuclear. A preocupação da organização de Físicos, em sua maioria, pode ter como base o pronunciamento à televisão estatal iraniana do presidente Mahmud Ahmadinejad no dia 07/02 a respeito do incentivo governamental para a produção de urânio enriquecido a 20%. O Irã é um país do Oriente Médio (sudoeste da Ásia), de religião islâmica e que tem sua economia fundamentada basicamente na agricultura, pecuária e mineração. Em seu segundo mandato o presidente Ahmadinejad vem chamando recorrentemente, de forma negativa, a atenção da comunidade internacional e principalmente a do governo Norte-Americano. Atualmente a infra-estrutura nuclear do Irã é capaz de enriquecer urânio em baixa percentagem (~3,5%). Para fins medicinais, pacífico, como ecoado pelos governantes iranianos, o enriquecimento necessário é de 20%. Este grau de enriquecimento já é considerado tecnicamente alto. O temor é que, se autorizado a enriquecer o urânio a esta percentagem, o Irã passe para um estágio superior, de 85%, já suficiente para a produção de armas nucleares. Entende-se como enriquecimento de um determinado elemento químico qualquer processo que possibilite sua utilização com uma fração isotópica de seus átomos mais pesados superior à encontrada na natureza.

A preocupação da SBF é plausível e mostra uma atitude condizente com a responsabilidade de quem é responsável pela produção de parte do conhecimento fomentado pelo país e pela formação de opinião embutida na formação e qualificação de recursos humanos.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O Porquê do Blog

Há algum tempo venho amadurecendo o projeto de montar um Blog. Acho muito legal a idéia de ter um espaço disponível para expor textos, em primeira pessoa, que geralmente surgem como pensamentos e, se não cultivados, assim podem ficar. Além disso, parece ser um agradável espaço para expor material de natureza profissional.

Por que “Ser Savant”? A palavra Savant, em francês, quer dizer sábio. E sabedoria não se nasce com ela, não se compra e não se aprende simplesmente indo à faculdade. Sabedoria leva tempo e esforço. É algo almejado por mim e sei que é também por muitos outros. A palavra Ser pode ter dois significados: Quando substantivo pode se referir, de forma generalizada, a alguém. Já quando verbo pode indicar o desejo de sermos sábios, de adquirirmos, de forma prazerosa, saudável, constante e ininterrupta, conhecimento.

O perfil do Blog será geralmente científico-tecnológico, porém, ocasionalmente, poderão surgir textos de essência política, religiosa, ou de qualquer outra coisa que de na telha escrever.

Espero que vocês gostem. Um grande abraço!


Antônio M. Da Silva Jr.